Três pessoas são internadas por dia com intoxicação em SP
Envenenamentos, intoxicações e exposição a
substâncias nocivas causam, em média, três vítimas todos os dias no Estado de
São Paulo, mostrou o levantamento da Secretaria de Saúde. Apesar de ter havido
queda no número de internações (em 2011 foram 951 casos ante 1.132 de 2010), o
número de mortos ainda é alto, 29 no ano passado contra 26 em 2010.
Segundo o médico do Grau (Grupo de Resgate e
Atendimento a Urgências), Roberto Stefanelli, esse tipo de acidente ocorre por
vários motivos e muda conforme a idade do paciente. Crianças de 1 a 4 anos de
idade representam 21% dos casos, tendo como principal razão o descuido de pais
e responsáveis no armazenamento de medicamentos e produtos tóxicos.
"É muito comum guardar o produto de limpeza em
garrafa de refrigerante. A criança vê o colorido da garrafa e acaba ingerindo e
se intoxicando", disse Stefanelli. Para evitar acidentes, o médico orienta
que esse tipo de substância seja guardada somente em armários com chaves ou em
lugares altos, fora do alcance de crianças.
Quando suspeitar de intoxicação, o procedimento é
levar a vítima imediatamente ao atendimento de emergência, junto com o frasco
ou resto da substância que causou o acidente para auxiliar na identificação por
parte dos médicos. Stefanelli lembra, além disso, que nunca se deve provocar
vômito no paciente, pois o líquido ingerido pode ser corrosivo e lesar órgão
internos. "Vai piorar a situação. Se ele estiver com o nível de
consciência reduzido e vomitar, ele pode aspirar o vômito e ele ir para o pulmão.
Aí fica muito mais grave, pode levar até a morte".
O médico ainda relatou que, em boa parte dos casos
de crianças intoxicadas que chegam à emergência, as famílias desconhecem a
causa do mal-estar. Por isso, deve-se suspeitar de envenenamento quando a criança
apresentar vômitos, diarreia, salivação excessiva, rebaixamento do nível de
consciência ou sonolência. Os sintomas, porém, podem variar de acordo com o
tipo de substância ingerida.
Outra faixa etária que costuma sofrer intoxicação é
a de adolescentes e jovens adultos. Nesses casos, no entanto, as causas são
excesso da ingestão de bebidas alcoólicas e uso de drogas ilícitas. Adultos que
vivem nas áreas urbanas, normalmente, são internados após tentativas de
suicídio e acidentes de trabalho, como vazamentos de produtos químicos e de
fumaças tóxicas. Nos acidentes com gases, é importante pedir socorro aos
bombeiros e jamais entrar no recinto.
"Ao entrar no ambiente que está cheio de gás,
para socorrer alguém, você também vai se contaminar. Em vez de uma vitima serão
duas", alerta o médico. Já nas regiões rurais, envenenamentos em
decorrência da manipulação e inalação de inseticidas na agricultura são os
quadros mais comuns registrados pela pesquisa.
Entre os idosos, a intoxicação geralmente ocorre por
erro na dosagem de medicamentos. "Eles se esquecem de que já se medicaram
e tomam de novo, ou acabam tomando doses erradas", diz o médico. Por isso,
a orientação de Stefanelli é de que haja controle por meio de anotações nos
frascos e identificação nas cartelas de comprimidos das quantidades já
ingeridas.
Em todos os casos de intoxicação, sobretudo quando a
vítima estiver inconsciente, Stefanelli recomenda deitá-la de lado enquanto o
socorro não chega. "Isso evitará que o vômito seja aspirado e chegue até o
pulmão", orientou.