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quinta-feira, 24 de março de 2011

Em Mato Grosso, pesquisa encontra agrotóxico em leite materno

Resultados obtidos pela Universidade Federal de Mato Grosso vão embasar ação do Ministério Público contra uso de pesticidas

O leite materno de mulheres que moram no município de Lucas do Rio Verde (354 quilômetros de Cuiabá) está contaminado com agrotóxicos, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que durou dois anos.
No estudo foram analisadas 62 mães e, em todas, foi detectada a presença de pelo menos uma substância química utilizada na agricultura. Em parte das mulheres foi encontrada a presença de até seis tipos de agrotóxicos – alguns com o uso proibido há mais de uma década (como o DDE, por causar infertilidade masculina e abortos espontâneos).
Do grupo de mulheres estudadas, 19% delas já sofreram abortos espontâneos em gestações anteriores.
A mestre em Saúde Coletiva e autora da pesquisa, Danielly Palma, ressaltou que a contaminação por agrotóxicos em Lucas do Rio Verde está disseminada. “Dados do projeto evidenciaram contaminação em amostras de água de chuva, água de poço e água superficial. A contaminação também foi encontrada em amostras de sangue e urina de moradores do município”, observou.
Segundo o estudo, somente em 2009 mais de 5 milhões de litros de agrotóxicos foram utilizados no município. Com uma população de 45 mil habitantes, Lucas do Rio Verde é um dos 10 maiores produtores de grãos de Mato Grosso.
As consequências para a saúde devido à exposição aos agrotóxicos “podem ser o desenvolvimentos de certos tipos de cânceres, como o de mama , a desregulação do sistema endócrino, anormalidades no desenvolvimento sexual, malformações congênitas, abortos, redução na fertilidade masculina, entre outros”, alertou Danielly.
A maior parte das mulheres que participaram da pesquisa são de classe média. Do grupo de 62 mães, apenas três moram na zona rural.
Ministério Público pretende tomar providências
O titular da Procuradoria de Justiça Especializada na Defesa do Meio Ambiente de Mato Grosso, Luis Alberto Scaloppe, informou que irá se reunir com os promotores das regiões onde o agronegócio é bastante forte para tomar providências quanto ao uso indiscriminado de agrotóxicos.
Uma dessas providências pode ser o pedido para obrigar o Estado, por meio de Ação Civil Pública, a fiscalizar e controlar a utilização de substâncias químicas na agricultura.“Esse tipo de controle em Mato Grosso é praticamente inexistente”, afirmou o promotor de Justiça Rinaldo Segundo.

A Associação de Produtores Rurais de Mato Grosso não quis se posicionar e o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado informou que se pronunciaria somente nesta quinta.

FONTE: Helson França, iG Mato Grosso