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terça-feira, 14 de junho de 2011

Médico que declara laço com indústria também é antiético

Reportagem: FOLHA DE SÃO PAULO

Profissionais transparentes ainda favorecem laboratórios que os financiam Estudos apontam que divulgação de conflito de interesse dá 'passe livre' ao médico para conduta parcial
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

O médico que declara seu conflito de interesse com a indústria farmacêutica é mais ético? O senso comum diria que sim. Mas pesquisas recentes na área da psicologia experimental mostram que não é bem assim.
Ao revelar todos os laços que possam influenciar seu julgamento, o profissional se sente livre para continuar adotando comportamentos ainda mais antiéticos.
A conclusão, de estudos em que são simulados cenários de conflitos de interesse, coloca em xeque a declaração feita pelos médicos em congressos e publicações científicas, em que eles reconhecem todo apoio financeiro recebido em seu trabalho.
"Não estamos dizendo que a transparência seja uma coisa ruim. Mas ela não funciona tão bem como pensávamos", disse à Folha o pesquisador Daylian Cain, economista do comportamento na Universidade Yale (EUA).
Ele e colegas realizaram experimentos que simulavam situações em que o médico (e outros profissionais, como advogados) tinham de decidir qual era a melhor indicação para o paciente/cliente.
Os que tinham conflitos de interesse "como ganhar comissões pela indicação de um produto" deram mais conselhos em benefício próprio, não do paciente.

Para saber mais: Folha de São Paulo de 14 de junho 2011